Encontramos no Evangelho de Marcos a seguinte passagem: “Jesus lhes disse: “Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra”.”E não pode fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los”.
Nesta passagem Jesus expressa o sentimento de não ser reconhecido em sua própria cidade e até mesmo em sua casa, como aquele que foi enviado por Deus. Menciona em sua observação a incredulidade de seus conterrâneos em relação a ele, pois não acreditavam que era dele a missão messiânica. Embora reconheciam em suas palavras uma grandiosidade de ensinamentos e sabedoria de amor ao próximo em seus gestos. Fatos que não foram suficientes para que os moradores de Nazaré acreditassem nele como uma pessoa especial. O povo limitava a indagar de onde vinha aquele conhecimento, vez que era o filho do carpinteiro, e falava do que nunca havia se pronunciado sobre as escrituras sagradas. Jesus sentiu em seu próprio meio a dificuldade de sua missão, encontrou uma espécie de preconceito de seus co-irmãos em ser aceito como o enviado de Deus por ser próximo a eles. Embora naquele momento tivesse levado o consolo e solucionado problemas para quem precisasse, confortando corações sofridos. No entanto a cegueira da incredulidade fez que achassem que não poderia ser Jesus o messias.
Um dos motivos que fizeram duvidarem de Jesus, foi sua humildade, pois diziam eles da onde vem sua sabedoria, vez que nunca tinham visto o filho do carpinteiro se manifestar em público.
É sabido que Jesus passou a pregar após seus trinta anos, embora fosse espírito de luz e modelo de perfeição de sentimentos sublimes. Buscou o momento certo depois da experiência e amadurecimento pela idade, conhecimentos e na preparação para pregar o Evangelho. Interessante nesta passagem é que Jesus afirma que o próprio ambiente incrédulo impossibilitou que ele produzisse milagres pela falta da fé. Aqui numa análise mais acurada pode-se entender pela interpretação que se pode dar a palavra milagre, quanto sua efetiva definição etimológica como significado de algo admirável e maravilhoso. Portanto naquela situação constrangedora e hostil, sentiu-se desconfortável em sua própria terra. Razão pela qual a referida expressão tornou-se ditado popular até os dias de hoje, de que “Santo de casa não faz milagres.
” O que aliás é comum sermos menos valorizados em nossos ambientes próximos do que em outros distantes, em relação as nossas qualidades. Evidente que Jesus em sua sabedoria, utilizou tal expressão para ensinar que somos mais reconhecidos quando estamos mais distantes de que por aqueles que estão acostumados a estar conosco. A psicologia atribui esse comportamento para explicar que temos dificuldade em atribuir qualidades àqueles que estão próximos a nós, por entender que somos semelhantes nas qualidades e defeitos. Portanto, expressamos menos demonstração de admiração e em muitos casos desdenhamos as qualidades pelo convívio. Razão pela qual produzimos menos elogios e agrados, considerando, ainda, que aqueles que nos amam já estão conquistados, e necessitamos agradar aos outros que ainda não nos estimam. Quanto mais longe, mais se parece perfeito, pois aquele que assim se parece procura demonstrar as qualidades do bem, passando despercebido o outro lado pela falta da intimidade e convivência. Às vezes a valorização daqueles que estão perto a nós, só é percebida com o afastamento, quando observa que outros nos reconhecem. Ocasião que passamos a ser admirados em nosso meio. A Doutrina Espírita ensina que as reencarnações neste planeta são de provas expiações. Portanto, por essa filosofia espiritualista os ambientes para onde retornamos, na maioria das vezes possuímos débitos comportamentais do passado, e em muitos casos trouxemos ou produzimos o sentimento da antipatia, o que faz recrudescer tais comportamentos, embora apagados da memória temos a percepção intuitiva. O que faz ser uma luta constante vencer animosidades e naturalmente a falta de admiração por alguns que estão próximos. A paciência é virtude para progresso.
No caso de Jesus, nem mesmo os irmãos biológicos creram nele, não se deram por conta da excepcionalidade da perfeição de seus sentimentos. Desdenharam apenas por causa da aproximação comparando-se a ele. Portanto vamos valorizar quem está perto de nós, enxergando também suas qualidades. Às vezes ficam encobertas, por nossas vaidades, soberbas, invejas e egoísmos e principalmente pela falta de humildade em reconhecer alguém especial que está próximo de nós. Um dia tudo ficará explicado e claro como disse Paulo de Tarso, para aquilo que ainda não temos o entendimento completo.
O texto acima expressa a visão do(a) colunista, não necessariamente a do Jornal Nova Folha Regional
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