No último sábado, 8 de novembro, uma turma de ex-alunos do Instituto Gomes Jardim se reuniu na escola para celebrar a amizade e relembrar os momentos vividos nas salas de aula no ano de 1975. O encontro foi marcado por muita emoção e histórias que atravessaram o tempo. “Foi fantástico. Emoções que só temos uma vez na vida, e esse reencontro ficará marcado para sempre”, contou Solange Ribeiro dos Santos, ex-aluna que estudou no Instituto até o quarto ano e depois concluiu o Curso Normal (Magistério) na mesma escola. Hoje, ela mora na Bahia, mas fez questão de viajar para participar do evento.
O reencontro também foi de pura nostalgia, como relatou David Pokorski, um dos organizadores: “Nos abraçamos, conversamos sobre histórias antigas. Começamos o encontro sem luz e sem internet — foi como voltar ao passado. Nossos professores eram nossos ídolos, nossos ícones. A gente vinha de casa com educação e aqui buscava conhecimento. Quero agradecer muito aos ex-professores pela nossa formação e pela ajuda na minha vida profissional.”A professora Miriam Leão também fez parte da turma de 1975. Ela estudou do jardim até a quarta série no Instituto e depois continuou os estudos na Escola Cônego Scherer. “Na época, tínhamos 10 anos de idade. Meio século depois, poder reencontrar pessoas que não víamos há tanto tempo foi muito especial. Foi um dia muito gostoso, revendo os colegas e relembrando histórias”, contou.
A publicitária Jaqueline Fonseca destacou que o evento foi uma oportunidade de reviver as raízes e valorizar a amizade construída na infância. Já Simone Herdina, que mora em Florianópolis há 30 anos, lembrou com emoção: “Era sempre uma alegria vir para a escola. Rever o colégio e os colegas depois de tanto tempo foi muito emocionante.”
O reencontro, repleto de lembranças e afeto, reforçou os laços entre os ex-alunos e reafirmou o papel do Instituto Gomes Jardim como espaço de aprendizado, convivência e memórias que atravessam gerações. Os ex-alunos visitaram os espaços da escola, conheceram a atual biblioteca onde foi a sala da turma e puderam almoçar no refeitório da escola e confraternizarem nos 99 anos da escola Gomes Jardim.
1975
“Quando se vê... não sabemos mais onde andam nossos amigos,.. quando se vê já passaram-se cinquenta anos”. Do poema 'O Tempo ' de Mario Quintana.
Quando vi a foto eu vi meus amigos, vi um momento e me vi como eu era. Apenas eu estava no passado, pois os amigos e o momento não se alteraram, seguem amigos e segue sendo um momento.
Porém não vi os cinquenta anos entre 1975 e 2025, só depois de conversar com o vice- diretor Valmir Michelon prestei atenção no tempo entre uma foto e a foto que pretendia fazer.
Em 08/11/2025 a turma da quarta série da Escola Gomes Jardim de 1975 se reuniu no mesmo local para a mesma foto. Desde lá três homens morreram, em etapas diferentes da vida e um está incapacitado e minimamente se comunica por sinais, as mulheres todas vivas e bem.
Ao enxergar o passado ao seu lado o ser humano se recria, pois de certa forma não somos os de antes, mas não somos também apenas os de hoje, percebemos que somos tudo aquilo que se formou neste tempo, com todas suas nuances e seus preços, seus ganhos e perdas. Observar que existimos todo este tempo sem mais estar na mesma sala todos os dias nos faz olhar para o que queríamos ser e o que nos tornamos.
Estar nestes dias com resquícios de cinquenta anos atrás mostra o que para nós é perda, perdemos muito. Não exatamente nós os da foto, mas nós humanidade.
Criamos pela simplicidade da situação o que hoje se chama de “networking”, mas que nós chamamos apenas de amizade, mas com uma base estranha ao mundo moderno, não chamamos nossos contatos para algo espúrio ou duvidoso, porque temos vergonha de sequer pensar nisso. Os ídolos que foram nossas professoras nos olham através das areias do tempo, e mantemos o olhar de admiração uns pelos outros. Emoção de falar com quem era apenas uma imagem de meio século atrás, perceber que alguns de nós se encontravam por Guaíba mas não sabíamos quem eram. Risos muitos, choros alguns, tudo fruto da emoção. Sentarmos na nossa velha sala de aula foi como um ar gelado passando pelo corpo, todos sentiram algo diferente e inquietante, mas todos deram meios sorrisos e depois sorrisos inteiros.
Como tudo que era grande, largo robusto, hoje nos parece pequeno,... a escola nos moldou, ainda bem. Ainda bem. Num tempo em que fazíamos o que tinha de ser feito, porque era o melhor que podíamos fazer, mais que isso poucas escolas dão.
Obrigado escola Gomes Jardim, obrigado amigos e amigas, porque simplesmente não teríamos feito tanta força para nos reunir,... trabalhos adiados, cidades distantes como Pedro Osório, da Bahia, São Paulo, Florianópolis,... organizar tudo isso não valêssemos a pena uns para os outros.
Valemos muito a pena, desde 1975.
Davi Pokorski- aluno da turma de 1975 e um dos organizadores do reencontro da turma.
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