Domingo próximo é a festa da entrega do Oscar, nome que foi dado, segunda a lenda por uma funcionária que entrou na reunião da academia justamente quando escolhiam o nome para a estatueta, quando ao vê-la disse que se parecia com seu tio Oscar. Assim, segundo esta versão foi batizado o prêmio. Até há pouco tempo despertava mais atenção dos países, principalmente das colônias americanas, incluindo a brasileira sujeito obrigatoriamente assistir filmes americanos. Pensávamos que efetivamente era a entrega dos prêmios para os melhores filmes, atores, diretores, música, enfim tudo relacionado com a indústria cinematográfica do ano anterior que compunha a realização das películas. Acreditávamos que somente lá era realizado o que havia de melhor no cinema do mundo.
Embora se reconheça o poderio desta indústria nos EUA. Hoje com a democratização do cinema através dos streamings, sabe-se que não se resume somente nos Estados Unidos o que se tem de melhor e de boa qualidade, sem que haja a necessidade desses empreendimentos milionários na aplicação de fortunas gastas para a realização de filmes de boa qualidade. Ao contrário a qualidade dos filmes americanos cada vez mais se torna menos, apesar da sua penetração fora de suas próprias fronteiras. Em grande parte de conteúdos espetaculosos artificiais, por causa da animação computacional de que a própria arte verdadeira em relação a interpretação humana artística. Este ano excepcionalmente o Brasil está representado na premiação de três categorias de melhor filme e atriz protagonista Fernanda Torres.
A exemplo do filme argentino A História Oficial que ganhou o prêmio de melhor filme estrangeiro em 1985, Ainda Estou Aqui, inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva também é ambientado na ditadura militar, com o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, retirado de casa pelas forças opressoras do Estado que comandavam o país naquela época. Triste e infame aquele período vivido no país. Onde a tortura física e psicológica foi empregada para a obtenção de informações, certamente em algumas vezes retirada violentamente tão somente para parar o sofrimento em uma confissão de resposta como era solicitada pelos algozes.
O filme de modo simples, sem mostrar a efetiva violência, tão somente sugerida pelos sons. Embora inicialmente com diálogos sobrepostos de uma família numerosa de crianças barulhentas, mostra a harmonia interrompida estupidamente. O que inicialmente para quem está assistindo é um ambiente confuso pela algazarra como qualquer família numerosa. Com o passar do tempo a trama real trazida para tela vai nos levando a imersão dos acontecimentos de modo silencioso e sutil pela magistral interpretação da atriz protagonista, com a responsabilidade de tratar a continuidade da criação de seus filhos e tentar a busca incessante na solução do ocorrido com seu marido. Merecedora da indicação. Ao que parece parte da população brasileira ficou incomodada, não com a indicação, mas com a postura do elenco silente, que ao trazerem para a tela uma denuncia de um fato histórico ocorrido no passado, que também, denuncia um "Brasil Nunca Mais", como o documentário Coratio, calam-se diante de fatos que ocorrem no presente, embora sem violência física, mas tão somente psicológica e financeira pelo órgão judicante opressor para a obtenção de informações forçadamente, sob pena de ameaças a consequências de membros da família.
Quanto ao filme, que se possível se trouxer algum prêmio, estará bem merecido, ao som do conselho do Eramos Carlos, " É preciso Dar Um Jeito Meu Amigo".
Jorge CLáudio Cabral
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