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Jorge Cabral

CARCEREIROS
DA LIBERDADE

Talvez todo excesso seja a razão que separa do equilíbrio o bom senso, independente do sentimento extremo que se demonstra em demasia pelo que se acredita como verdade. Amar demais é tão ruim como não amar nada, pois o extremo é sempre pernicioso. O excesso cria uma espécie de cegueira, tornando mais distante a outra realidade. Não falar no momento certo poderá ser um grito no momento errado. Estamos vivendo numa realidade social doentia, não só da ameaça viral, como da comportamental intolerante, daqueles que pregam a liberdade sem a opção do contraditório. Prega-se a pseudo liberdade utilizando a censura, não admitindo dos outros um modo diferente de não pensar extremamente.

Na verdade, estes, são prisioneiros de suas próprias obrigatórias convicções. Agem como policiais carcereiros, retirando a liberdade de si e alheia. Apontam erros e desacertos em condutas pela livre expressão. Não admitem manifestações contrárias as suas limitações, achando não existir possibilidades avessas às quais militam. Paradoxalmente são verdugos e algozes da sua própria liberdade, impõem aos outros comportamentos, obrigatoriamente semelhante ou análogo, sob pena de ser considerado como inimigo.

A liberdade não é tão somente ao que se faz ou se observa convictamente, mas principalmente também é feita de incertezas das amplas possibilidades do pensar. Inconveniente se mostra o individuo sempre convicto da sua afirmação equivocada, tem nele, só dele e para ele, não cabendo mais nenhuma instrução elucidativa. Cheio de si ou da sua coletividade fanática que pensa às vezes por ele. Atribuem como motivo das mazelas sociais, demonstrações em diagnósticos imprecisos coletivos comportamentais, retirando a responsabilidade individual de cada um, na construção do próprio indivíduo, atribuindo a causa ao sentimento coletivo errôneo. Não se voltam contra quem errou, preferem atacar a irrealidade plúrima ficcional, impondo arbitrariamente o sentimento de que se não pensar como eles, são todos culpados.

A vida se resume, em metáfora, no sabor do tempero equilibrado, nem menos e nem mais, pois o excesso dos prazeres de viver, inclusive, nos faz morrer mais cedo.


Jorge Claudio de Almeida Cabral

Advogado e escritor

Jorge.cabral@terra.combr



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