Jorge Cabral

Um milagre de Natal

Jorge Cabral- Advogado e escritor

Seu José quando acordou, viu que em sua volta estavam diversas pessoas, adultos, jovens e algumas crianças. Sem saber de quem se tratava, percebeu que quando viram seu despertar, o trataram com carinho de quem a ele conhecia. Escutou a mulher chamando por um nome, sem saber se era o seu. Um adulto chamou o de pai e uma criança de avô. Embora tudo aquilo para seu José fosse estranho, sentiu-se acolhido pelos sorrisos e afagos que se seguiram depois de seu despertar. Alguém dos presentes perguntou se estava tudo bem. Sem nem saber aonde estava, balançou a cabeça positivamente.

Um médico neste instante ingressou no quarto, solicitou a mulher e o filho mais velho o acompanhasse para conversar. Depois de breves considerações a respeito do que tinha acontecido com ele, disse que dificilmente recuperaria a memória, devido ao agravamento da doença, instalou um silêncio, logo depois disse que estava providenciando alta hospitalar. Na hora de ir embora do hospital, Seu José sentiu-se constrangido sendo vestido por aquela mulher desconhecida, tentou impedi-la, cedeu pela intimidade que ela demonstrava com ele. Decorrido alguns dias em casa, Seu José não conseguia lembrar de seu passado, no entanto, tinha certeza pelo modo que o tratavam ser aquele lugar estranho seu lar. Seu José ao mexer numa das gavetas de seu quarto, deparou com a roupa de Papai Noel, vestiu-a, ao vê-lo a esposas e o filho se emocionaram, pois o Seu José por muitos anos era o Papai Noel que levava alento e esperanças as famílias necessitadas. Fragmentos de lembranças brotaram em sua mente. Perguntou ao filho que mês e dia era hoje, 23 de dezembro, respondeu, Sem saber como explicar seu José lembrou que tinha somente dois dias para distribuir os presentes para as crianças. Pediu ajuda ao filho, embora antes do incidente já havia organizado, como todos os anos fazia, ajudando o pai, com pedidos de doações aos amigos para compra de alimentos e brinquedos para serem distribuídos para as famílias carentes.

No dia de natal como sempre fizera, seu José vestido de papai Noel, percorreu o bairro carente entregando para crianças presentes, em cada sorriso de uma criança que entregava um presente, vinha imagens do seu passado, amava ser papai e a caridade, amava a solidariedade e a magia do natal.

Ao chegar em casa, chamou o neto pelo nome, abraçou como fez a todos, lembrando dos detalhes da ceia de natal, que sempre fazia com a prece de agradecimento a todos familiares, aos amigos e ao planeta. Todo bem que se faz na vida com amor, jamais se perde ou fica escondido, pois permanece guardado na memória do coração e serão lembranças sempre presentes. Afinal com o passar do tempo não lembramos do mal que nos causaram, no entanto, continuamos a sentir o bem que nos fizeram.

FELIZ NATAL A TODOS.