top of page

Livros, língua, vida

De leprosos a hansenianos, a saga dos humilhados e jamais exaltados
Landro Oviedo

A história da humanidade pode ser contada pela evolução da ignorância e da discriminação aos mais frágeis na escala socioeconômica. Os mitos e preconceitos habitam a alma humana desde os primórdios do tempo, fazendo com que os mais poderosos possam impor sua vontade contra a dignidade humana dos mais desfavorecidos.
O caso do antigo Leprosário Itapuã ilustra bem essas afirmações. Criado em maio de 1940, serviu para acomodar os acometidos por lepra a uma distância segura da Capital, Porto Alegre. Chegou a ter cerca de 2,5 mil internos desde seu início, que viviam numa minicidade, com igreja, hospital, cassino, clube, cemitério, usina hidrelétrica, estação de tratamento de água, entre outras edificações. A doença começou a ser contornada no ano da fundação da instituição, mas, mesmo assim, neste rincão longínquo, as boas-novas demoravam a chegar.
A par do surgimento do leprosário, no mesmo ano, era fundado, também, em Porto Alegre, a sociedade beneficente Amparo Santa Cruz, que tinha como objetivo realizar os partos e acolher as crianças que nasciam de pais com hanseníase, dos quais eram separados para sempre. Aproximadamente 150 infantes nasceram nessas condições. Todo esse processo era gerido por uma ordem religiosa usualmente bem intencionada, mas com um papel questionável no cotidiano triste daqueles confinados. Atualmente, uns poucos moradores, ex-internos ou agregados, continuam a residir no local, que está em condições precárias, sem reparos, e com ameaça de desativação.
Toda essa história é contada no livro “Nós não caminhamos sós...” (2023, Editora Sulina), da jornalista Ana Carolina de Oliveira, que se vale da trajetória icônica das internas Eva, do leprosário, e Marleci, nascida no Amparo Santa Cruz. São suas idas e vidas, dores, decepções e descobertas que se imiscuem no contexto de época e dos fatos. Recomendo a leitura, que fiz de um “upa”, como se diz lá na Fronteira. Quem ler, (re)verá.


Livro conta

a história do

leprosário e

das desditas

dos seus internos















Posts recentes

Ver tudo

Língua, livros e vida

HOMENAGEM A MARCUS MORAIS, CIDADÃO DE GUAÍBA Por Paulo Cesar Gonçalves Nascido em Bom Jesus Bem cedo desceu a serra E aqui em nossa terra Fez a vida este gaúcho Sujeito simples sem luxo Estimado profe

Livros, lìngua e Vida

1964, o ano que nos trai até hoje Landro Oviedo Agora, com as facilidades das novas tecnologias, pude rever o documentário “Jango” (1984), de Sílvio Tendler, sobre a vida do único presidente brasileir

Livros, Língua e Vida

Por Landro Oviedo email landrooviedo@gmail.com Uma dicotomia muito atual O estudo é um meio necessário, ainda que não possa ser suficiente, para que as pessoas possam ter uma visão de mundo mais coere

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

bottom of page