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Recortes Cotidianos

Solidariedade e saúde

mental no mesmo barco

Natália Carvalho*

naticarvalhoo@gmail.com

@nnaticarvalho

Setembro, meu mês favorito, começou paradoxal. Se, por um lado, é de praxe celebrar a chegada desse mês que traz consigo a Primavera, a estação mais linda, colorida, perfumada e alegre de todas, por outro, ele trouxe tanta chuva, que deixou boa parte do estado do Rio Grande do Sul debaixo d’água.
Como celebrar a chegada da nova estação, as datas que a gente gosta, se de um lado tão perto da gente, outras pessoas, que poderiam ser qualquer um de nós, choram suas perdas de familiares, amigos, animais de estimação e bens materiais?
Como, ao mesmo tempo, podemos ser solidários e preservar a sanidade mental, evitando noticiários, neste setembro, que dizem ser amarelo? Como promover ajuda e ao mesmo tempo tentar não se abalar com o que acontece na casa do outro? Ou, pior ainda, na casa que tinha o outro?
Eu espero, de verdade, que mais do que flores perfumadas, a Primavera traga dias ensolarados para que tudo possa ser reconstruído. Espero que a nossa solidariedade chegue a todos que precisam. Eu desejo também, saúde mental para quem perdeu tudo ou quase tudo. Desejo força e coragem para quem trabalha nessas tragédias, porque não deve ser nada fácil.
Espero que, apesar de tudo o que não está ao nosso alcance, a gente encontre forças para continuar comemorando as conquistas, por mais singelas que sejam, porque elas existem. Mais do que nunca, é momento de agradecer por estarmos todos bem, com saúde, abrigo, roupas e cama quentinha. Nesses momentos, mais ainda, percebemos que temos tanto.
Como é tênue essa linha entre ser solidário e ajudar de alguma forma, celebrar por estarmos seguros, tentar não deixar abalar nosso estado mental/emocional e ainda não nos sentirmos egoístas por isso. É válido ignorar o noticiário e viver um pouco na nossa ignorância egoísta, em troca de sanidade mental? Qual a fórmula adequada para nos mantermos informados, solidários e bem? Como não sentir culpa ao deitar-se na cama quente enquanto crianças pequenas estão sem casa e roupa quente para vestir?
Questões. Eu não sei as respostas. Não sei se vocês sabem. Sei que é muito difícil não pensar em tudo isso que acontece. Mais difícil ainda, não sentir tristeza. Não são dias alegres dessa Primavera gaúcha. Ainda vou esperar mais um pouco para ver (quase) de volta no seu lugar. Para daí sim acreditar que a gente pode voltar a florir.

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