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Recortes cotidianos

A Sereia do Dente passou por aqui

Por Natália Carvalho*

naticarvalhoo@gmail.com


Marina estava com o primeiro dente frouxo, no auge dos seus cinco anos e oito meses de vida. Nós estamos passando uns dias na praia e ela veio para cá assim. Na época em que eu era criança, quando um dente caía, a gente jogava em cima do telhado e fazia uma simpatia, pedindo para que os dentes novos viessem fortes e saudáveis. Alguns anos depois, surgiu, do mundo mágico, a tal de Fada do Dente.

A constatação da nossa pequena mente criativa foi de que na praia quem pegava o dente não era a Fada do Dente, mas sim a Sereia do Dente. E, diferente da colega, que costumava deixar um dinheirinho embaixo do travesseiro, a linda criatura do mar teria que deixar alguma coisa com pérolas. É, até que faz sentido. E a mãe que lute!

O dentinho caiu, após muitos dias perguntando se ninguém arrancaria a cada vez que pedia pra olhar. Ele soltou e saiu da boca no mesmo momento em que Marina saboreava um pirulito de cereja, depois do almoço. E agora, qual seria o procedimento? Ela não tinha me passado as instruções de qual momento a tal de Sereia aparecia para deixar os presentes. Eu não sabia quanto tempo tinha para providenciar tudo!

Ela ficou tão nervosa com a sua estreia em quedas de dentes que na hora até esqueceu que receberia a visita de fada ou de sereia. E que bom, porque assim eu ganhava tempo! Se preocupou mais com a sensação estranha que ficava na boca e com a sua nova aparência diante do espelho. Disse que estava feia. E aí iniciamos o trabalho de autoestima, de explicar novamente que era normal e fazia parte de uma nova fase, que ela estava se desenvolvendo bem e isso era muito legal.

No dia seguinte, tratei de ir atrás de objetos com “pérolas”. Encontrei uma tiara e uma cartela de pérolas adesivas, que ela poderia colar onde quisesse. Corri para colocar debaixo do travesseiro e perguntei se ela havia esquecido da Sereia do Dente ou se ela não havia deixado nada na cama dela. Não quis ir olhar, com medo de não encontrar nada. Pediu que eu olhasse.

Fui com ela, levantei uma pontinha do travesseiro. Quando ela enxergou que tinha alguma coisa lá, abriu o sorriso banguela mais lindo que eu já vi. Correu para ver o que era e disse que a tiara era muito linda. Que a Sereia do Dente realmente existia e que ela estava feliz. Colocou logo o adereço na cabeça e saiu correndo para mostrar para as pessoas e provar que a Sereia do Dente havia passado por ali.

Coisinhas tão pequenas, que enchem os dias comuns com uma magia, resultante da genialidade da mente infantil. A materialização das ideias dela, com gestos carregados de amor que nos aproximam ainda mais, todos os dias. Aguardemos agora pelas magias de Natal.


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