Outro Olhar
Como não indignar-se?
Com a idade avançando, achamos que já passamos por tudo ou que o pior já passou. Dizem que agosto é o mês do desgosto. Queria que fosse um mês de boas notícias. A vida nos apresenta situações revoltantes. Não posso me calar. Há pessoas que parecem que não estão no Brasil real e que tudo está bem. Gasolina, gás, comida com valores exorbitantes. Por bem menos saíamos para as ruas cobrando emprego, comida e justiça social.
Nós professores e equipes diretivas nunca trabalhamos tanto: em finais de semana, madrugadas pensando na escola, no planejamento do dia seguinte e nos alunos. Gastamos o que não tínhamos na pandemia com internet, computadores buscando melhor atender os estudantes. Tivemos que buscar atendimento psicológico e médico para sobreviver a essa nova realidade. O que recebemos em troca? Nem um muito obrigado. Pelo contrário, dizem que estamos fazendo, nada mais, do que a obrigação.
O Governo do Estado com aval dos deputados, há quase uma década não reajusta o salário dos professores e ainda corta vale transporte, reduz férias, tira o difícil acesso, dá mais trabalho, e são lives e lives. É o novo ensino médio que não tem nada de novo, é o Avalia RS implementado por uma secretária que vem de outro Estado, como se aqui não tivéssemos pessoas qualificadas para tal função no RS e assim vai... Programas e programas que não levam a nada, pois falta algo essencial: A valorização real do trabalhador na educação.
Em cada Governo mudam-se os rótulos de projetos e tudo segue igual ou pior e há retrocessos. Infelizmente, não surgiu alguém que pensasse que investir em educação é o melhor caminho, não no discurso, mas na prática. Como motivar um professor a proporcionar uma melhor aula se não tem o que comer? O sindicato tem que fazer brechó e campanha de arrecadação de alimentos.
Vergonhoso e revoltante. Eu e tantos outros em final de carreira, se não mudassem as regras no final do jogo, estaríamos aposentados ou próximos. Vejo aposentados que deram a vida pela educação passando necessidades. Fui informado nesta semana que ganharei uma recompensa pela minha vida e dedicação à educação. Terei que trabalhar mais oito anos antes da aposentadoria. Logo pensei: sairei da escola direto para o cemitério! Será que terei condições, se tudo continuar neste ritmo, em ser enterrado num caixão? Faltará dinheiro? Triste fim para tantos e tantos que vêm vestindo a camiseta da educação. E os deputados e governantes preservando os seus salários e mordomias.
Eu deveria ter sido padre. Deus dirá ao me receber, se é que irá me receber: -"Te avisei que o mundo lá fora (fora do seminário) seria mais complexo. Estás pagando o erro que você cometeu ao trocar a nobre missão da Igreja, que te incumbi, e você não me obedeceu. Te dei duas opções: viver na colônia ou ser padre.
Você quis a outra via. “Escolhestes a mais complexa”
Me lasquei. E agora Valmir?
Valmir Michelon/michelonfolha910@gmail.com
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