SURREAL II
Em outra oportunidade já utilizei a expressão surreal em sua conceituação usual atribuída ao poeta francês Guillaime Apollinaire, para designar tudo aquilo que estaria fora do padrão da realidade que todos nós estamos acostumados a ver. Assim, toda manifestação estranha, absurda, bizarra fora da estética comum, seria surreal, pois provocaria estranheza, portanto fora da realidade. As obras tinham como finalidade a transgressão da verdade, subvertendo as normas da razão, forçava o contraditório, a divergência, bem como a incongruência e a esquisitice. Hoje é comum utilizarmos a expressão surreal para definir condutas e posturas aceitas como normais, mas que fere a moral dentro de um padrão de comportamento social. Tal permissividade ou licenciosidade de modo abrangente, via de regra comum, tem vindo como origem do próprio poder dominante, que atrela aos seus interesses mudanças de regras. Principalmente nas leis e decisões judiciais que acolhem de certo modo em beneficio ao “ establishment”, ou seja a ordem ideológica ou de interesses para se manterem no poder e cargos que ocupam.
Razão de assistirmos a disputa eleitoral dos Estados Unidos da América do Norte, talvez a mais bizarra já realizada sob o ponto de vista histórico. Abstraindo a ideologia dos maiores partidos políticos americanos da maior democracia mundial, vê-se candidatos que chegam a provocar de modo caricatural, condutas em comportamentos surreais contraditórios ao extremo. Enquanto um tem por hábito apertar a mão a um espaço vazio, onde acha que existe em seu imaginário alguém ali naquele momento lhe cumprimentando , outro obriga a quem lhe dá a mão, suportar excessivamente em tempo longo um movimento demasiadamente ríspido e grosseiro, impondo uma espécie de opressão simbólica da sua personalidade. Embora sejam comportamentos opostos, não há como negar a fragilidade de uma sociedade carente de liderança.
Líderes com prazos de validades ultrapassadas, movidos pela imposição da necessidade da manipulação pela classe dominante, explicado pelo ditado “ Se não tem tu vai tu mesmo”, ante a ausência de outro. Ou ainda pela ambição da vaidade individual. Ou ainda, tentando, eleger-se novamente impondo estilo que lembra ditadores de outrora. No meio de tudo isso, sobressai de seus currículos pessoais, acusações, processos judiciais, escândalos familiares, comportamentos duvidosos quanto suas efetivas intenções. Motivos que talvez fossem suficientes para barrar candidatos à vaga de empregos em seus próprios países. Mas é a tendência mundial, como houvera em outros países no passado, candidatos vencedores que apoiaram a ditadura em plena democracia. Assim como em outras ocasiões elegeram condenados em processos criminais.
O texto acima expressa a visão do(a) colunista, não necessariamente a do Jornal Nova Folha Regional
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